28 de mai. de 2017

TEMPLO


Mulher preta gira mundo
Latina, americana pisa o velho mundo a trabalho ou não, trabalha
Batalha na abertura de mentes que, mentindo, negam seu valor
Mentes mentirosas que arrancam da mulher seu sagrado e insistem em violentar seu corpo com olhares que cortam feito espada, 
Cortam suas madeixas, cortam as curvas do seu corpo cortam sua pele, escura ou clara, inegavelmente pele de mulher preta. 
Por vezes violam seu corpo na quebrada de alguma estrada
Num vagão de metrô, num ônibus lotado, num aeroporto ou mesmo num beco, numa caminhada vaga...
Mulher preta o é em qualquer lugar, duplamente  estigmatizada
Estamos aqui, ali, ou lá para relembrar que não somos mais escravizadas
Que nosso corpo, preta, nosso crespo, nossa dança, é poesia armada
É pá pa pa quebrando mentes quadradas
É pássaro solto voando continentes
É baobá de raiz forte e aterrada

Corpo de mulher, preta, é templo 
Faz tempo que ouço e repito
Levante sua cabeça, firme seu passo 
E caminhe se sabendo livre mesmo em um mundo marcado pelo atraso

Nenhum comentário:

Postar um comentário