FALO FAZ FALTA?

Sentidos diversos

Diversao ‘e parte tambem

Cantigas em versos

O desejo vai além

Encontro de corpos

Bocas fazem mais que falar

Falo faz falta?

Fala falta faz

TUDO 'E ARTE

Um bailarino

Um musico

Um poeta

O que diz a melodia escrita naqueles corpos?

Encontro saídas sinalizadas

Sinais grafados em sons que dançam

Tudo 'e arte

Encosto meu corpo na criação

Crio entradas sem sinal

Sim, sou palco e sou plateia

Me enrosco plena de atenção

Ninguém sabe qual o final

Sim, ‘e noite de estreia

RIMA PRETA

Hoje eu queria rimar preta com treta
Mas já fizeram
Então não refaço
Repetição me dá cansaço

Inspiração é diferente de cola
E se ela te amola
é porque o faca tá afiada

Essa preta te desafia
O fia,
eu costuro essa história nas suas linhas
Fios que alinhavam vocês dois juntos
Treta é querer se soltar

Tá colado mas dá pra respirar
Não reclama
Ama
Preta rima mesmo é com mar

GENTE QUE É BICHO

Rasga
Nessa garganta amarga a última gota
Escorre dor latejante
De gente que é bicho
Que rosna, que goza, que tropeça
No peso da cabeça
Pesa
A última mala
Mal amada
Armada até os dentes
Sorri
Com boca vazia
Um riso doente

SAGRADA PROFANA

Potência em mulher
Olhar vivo
Pulso minha essência selvagem
Grito e giro
Viva como nunca
Me devoro por instinto
Reflito minha própria imagem
Meu lado vadio
Amo, aceito meu ser
Me toco no ritmo
Ressoa em você
Meu sagrado e profano riso

LUSCO FUSCO

Aperto de peito
Agudo
Lateja dentro
Um desejo confuso
Um pulso
Um lusco fusco
Apreensivo de brilhar
Um ritmo sem cadência
Uma frágil demência
Um medo de ficar
Um medo de ir
Um medo

TA QUENTE AQUI

Tá quente aqui
Quentura boa
Que queima a sola do pé e te faz correr
Pular, dançar, gritar
Quentura de sexta-feira a noite
Ou de sábado de manhã
Quentura de lua cheia 
Enxame de abelha fazendo mel doce e quente
Quente de cachaça mineira 
Pirando cabeça boa e o corpo de gente 
Quente de dentro da gente quando bradamos pelos nossos direitos. De ser, estar, ocupar...
Quentura de sol de inverno, 
Aquele que você não acha que vai queimar, mas...
Né
Pimenta, vou nem falar
Tá quente aqui
Quentura de útero
De abraço 
Aquele suave laço
Refaço 
Preta
Viva
Quente

AFINADOS

Acertou o tom

O toque

Tocou meu corpo sem encostar

Incendiou o que era brasa

Mas não vamos queimar

eu sei

Espero estar errada

Pra afinar nossos desejos 

Cantei

Você

Não entendeu nada

Grave esse acorde

Recorde

antes desse verso acabar

POR ISSO PULSO

Seriam palavras pra ele
Mas ainda são pra ela
Sobre não precipitar e também não atrasar
Sobre não perder seu tempo nem no tempo do outro se perder
Sobre sentir um retorno a si mesma, por um caminho cheio de curvas, as quais, por vezes, causam enjôo
Sobre sentir saudade da doce solidão e ao mesmo tempo já estar emaranhada no mel de um outro alguém.
Sobre querer suar junto e soar sozinha. Sobre querer soar junto e suar sozinha.
Sobre ser completa e não estar inteira.
Sobre estar a beira de um salto, maior que as pernas. Por isso o impulso. Por isso o pulso.
Vai saltar, não vai cair.
Vai voar!

VAI VOAR

Vai voar
Eu aqui sigo
Você é bicho do ar, não tem que ficar preso
Vai voar
Leva com você essa corda que amarra  minhas asas
Joga ela em alto mar
Vai voar
Eu cá sigo
Já bem sei carregar cria no bico
Vai voar
Meu destino é cantar
Pássara solta eu sou
Nosso nó há de desatar
Vai voar
Leva com você essa corda que prende minhas asas
Aqui fico, tenho um ninho, uma cria e o mundo a me esperar
Vai voar
Aqui meu voo já está traçado, e eu tô pronta pra   decolar
Vai
Daqui eu vou, vôo

AQUI, TA FRIO

Aqui tá frio
Frio bom
Que acalma a cabeça, descansa o corpo
Frio de cachoeira mineira
Queda brava, forte, gelada, que te faz despertar 
frio de água de mar
Oceano imenso, lá no centro
Sozinha
A flutuar
Frio de noite sem par
De lua nova
De amor passado
Saudade chegada
Terra molhada
Frio de descanso do guerreiro pelos direitos conquistados, preservados...
Frio de arrepiar a espinha
Fazer o líquido cristalizar
De noite, a brilhar