CONTRAPONTO

"Olha, benzinho, cuidado
Com o seu resfriado
Não pegue sereno
Não tome gelado
O gim é um veneno
Cuidado, benzinho
Não beba demais
Se guarde para mim
A ausência é um sofrimento
E se tiver um momento
Me escreva um carinho
E mande o dinheiro
Pro apartamento
Porque o vencimento
Não é como eu:
Não pode esperar"

Vinícius

MÃOS

Corpo melado de água salgada
Na areia fina, branca, descansa o pensamento
Mergulha o corpo num mar de água morna e pouco freqüentada
No som das águas ouve-se as batidas que estão dentro


Cabeça cheia, coração espaçoso, corpo nu
Idéia feita, sentimento exposto, sentido cru


Toda energia concentrada nas mãos
No mar elas dançam
Capaz de deixar corpos sãos
Na areia elas descansam


Quando se é Fogo e se é Água
Sol e mar é casa, é corpo, dá asas

UM IMENSO INTERIOR

vá para fora para estar dentro. veja no fundo do que tem sido raso. observe os picos abaixo dos seus pés. voe com os pés cravados na terra. permaneça de pé com os pensamentos em nuvens. afaste-se para bem perto de si. torne-se íntímo do desconhecido. agradeça ao amor. ame agradecer. agradeça, ame, graças.

VALE

vale quando se vê amor nos olhos
vale quando se tem respeito nas atitudes
vale quando se criam detalhes novos
vale quando se alcança grandes altitudes

vale quando se vê neve
vale quando o calor impera
vale até quando ninguém se atreve
vale quando o som do rio te desperta

vale quando se dorme de conchinha
vale quando acende o fogo da comida
vale quando te deixa sozinha
vale quando se é gente linda

vale descer montanhas
vale conhecer famílias
vale subir montanhas
vale esta reta infinita


Vale acreditar
Vale crer
Vale amar
Vale ser