30 de dez. de 2011

2011

um lugar bonito para sepultar
observo a morte
aguardo renascimentos
vivo

23 de dez. de 2011

DE GENTE

A pureza de uma flor pronta para desabrochar
O botão do tempo vai disparar
Leveza de uma nova vida que começa no ventre
Visão de passadas vidas através de lentes
Doçura de ser e de não se saber inocente
Sob o mesmo olhar que atravessou diversas dimensões
Com a força do braço que abriu muitos portões
Outras cores
Outros sabores
Do lado de fora da janela sempre uma visão diferente
Do lado de dentro da janela o mesmo instinto animal e a mesma alma de gente

22 de dez. de 2011

TOQUE

Toque
Penetração externa
É possível?
Não se sabe quem
Apenas sente-se...


Tudo é silêncio
Porém,
O barulho é intenso
A mente julga, permite e proíbe
Condena
Mas o corpo segue inerte
Apenas sente


Carência
Mas se é tudo tão quente
Interrompe-se
Só a noite permitiria e
Ainda é cedo


Mas ela chega
Escura e quente
Os personagens mudam
E sente-se a necessidade da penetração
Dessa vez literal,
Toque interno


Todos os sons
Não ouve-se nada
Já não é a mente dessa vez
É o corpo


Seja interna ou externa
Torna-se ela desnecessária
O toque é interno, externo
Extremo


escrito em 2004

20 de dez. de 2011

COMER, REZAR E AMAR

"o vício é a marca de toda história de amor baseada na obsessão. tudo começa quando o objeto da sua adoração lhe dá uma dose generosa, alucinate de algo que você nunca ousou admitir que queria - um explosivo coquetel emocional, talvez, feito de amor estrondoso e louca excitação. Logo você começa a precisar dessa atenção intensa com a obsessão faminta de qualquer viciado. Quando a droga é retirada, você imediatamente adoece, louco e em crise de abstinência (sem falar no ressentimento para o com o traficante que incentivou você a adquirir seu vício, mas que agora se recusa a descolar o bagulho bom - apesar de você saber que ele tem algum escondido em algum lugar, caramba, porque ele antes lhe dava de graça). O estágio seguinte é você esquelética e tremendo em um canto, sabendo apenas que vendereia sua alma ou roubario seus vizinhos só apra ter aquela coisa mais uma vez que fosse. Enquanto isso, o objeto da sua adoração agora sente repulsa por você. Ele olha para você como se você fosse alguém que ele nunca viu antes, muito menos alguém que um dia amou com grande paixão. A ironia é que você não pode culpá-lo. Quero dizer, olhe bem para você. Você está um caco, irreconhecível até mesmo aos seus próprios olhos".

Trecho de COMER, REZAR E AMAR de Elizabeth Gilbert

18 de dez. de 2011

A RECEITA PERFEITA

ficou oca. mania de paixão.  mania de sofrer mesmo quando não há dor. o que acontece é drama. altos picos e profundas crateras. uma felicidade imensa quando surge um colorido diferente. uma dor abissal quando  as cores perdem o brilho. Mas nem é isso! aqui é tudo muito controlado. doses sentimentais milimetricamente medidas para que não sobre riso nem choro. afinal de contas, estamos em tempos de contenção. Será então que esse metro está com as medidas erradas? ou será exatamente o contrário? muitos pesos e medidas, muitas experiências cientificas, comprovações sentimentais, já se sabe até  e x a t a m e n t e  quanto tempo vai durar ... Vá tentando achar uma resposta... Se encontrar, por favor, escreva para mim que colocarei no meu caderno de receitas perfeitas.

PRESERVE-SE

em 2009 para Daspu

17 de dez. de 2011

DOCE SOLIDÃO

Sol tímido entre nuvens
Chuva fina após o temporal
Cabelos molhados
Cabeça fria
Coração morno
Mãos quentes
Os pés captando a energia da terra
Cercada de possibilidades
Parada na encruzilhada
A juventude é o presente
Música sempre

11 de dez. de 2011

MEIAS PALAVRAS

Falta uma letra numa palavra, proposital ou não,
é a falta de algo no coração,
uma letrinha a menos de sentimento
um buraco há mais no peito
reticências se prolongam como historias mal resolvidas
relações mal discutidas
...
reticências são também 3 pontos finais, pra quem ainda não entendeu
...
um homem traz nas suas ações a crueza
de fato ele é cru para compreender o que está além da nossa beleza
das nossas carinhas de anjo, das nossas palavras de carinho
é a cruz que foi deixada do lado do nosso bercinho
...
“um molejo de amor machucado, uma beleza que vem da tristeza de se saber mulher, feita apenas para amar, para sofrer pelo seu amor e para ser só perdão”


Como nos comove a violência poética...
Como nos passa despercebido um tapa com poesia...
Como dançamos ao som de um palavrão cantado...
E novamente se repete uma história patética
E novamente jura-se nunca mais acreditar em hipocrisias
e ela, mulher, deita-se inteira em uma cama de amor imaginado...

4 de dez. de 2011

QUENTURA

queima aqui dentro uma vela e uma saudade de sete dias
acende outra vela
e não deixe que essa luz se apague

1 de dez. de 2011

MAR ADENTRO

Mais uma travessia, e nessa eu já me vou de olhos fechados.  Mas sinto tudo. Sinto os cheiros, sinto os gostos. E as lágrimas escorrem sem explicação. É um turbilhão que me leva. Me leva a fome, me leva as forças, me leva toda pra me devolver dobrado. Me devolver um bocado de um grande trabalho que há de ser do bom. Essa menina que não sabe, mas sente, o tamanho da responsabilidade, chora, chora, chora e limpa. E busca força nas entranhas e se entrega para o que tem que ser e só percebe o tanto que a vida é maior que seus pequenos desejos. E quanto são fortes os seus internos desejos. Essa vida é da minha alma. É a ela que devo servir e para ela vou trabalhar. O que há de vir, virá. Só o que de fato é poderá se mostrar. A cabeça lateja os pulsos do coração.