26 de jun. de 2014

NA DIREÇÃO DA LUZ


Nesses dias bebo água, muita, na certeza e esperança da limpeza interna. Na preparação para a morte necessária que permite o renascimento.

Acredito. Sigo na direção da luz. A luz que vemos no túnel da morte.

Iemanjá, querida mãe, sempre presente, me ensinando a arte da entrega. Eu tão controladora aluna, aprendiz, que lentamente solto meu corpo na água. Com grande desejo e medo, ainda tão humana. Me amo ainda assim, mesmo que assim.

Sim. Me aceito, aceito me entregar e aprendo a cada dia.

Na garganta a voz pronta para sair voando. Porque asas, isso eu já tenho, criadas na minha imaginação, que voa sempre. Poderosa que é, vivencia meus sonhos com precisão.

O calor aquece e queima meu corpo. Sinto a dor e o prazer, gozo minha vida.

Ogum, meu eu guerreiro, sempre atento, forte e na linha de frente, abre meus caminhos e me diz que posso seguir.  Mata o dragão com a força do seu amor. Não se vence o ego brigando com ele, mas o seduzindo.

Me transformo para viver em meu favor. 

24 de jun. de 2014

MORRENDO

"É difícil mudar. Muito difícil. Doloroso e angustiante.
Primeiro, porque a ousadia de mudar-se a si mesmo envolve cortejar a morte. Na mudança, uma parte de nós perece; um modo de sermos nós mesmos entra em colapso.
Segundo, porque enfrentamos a resistência organizada das instituições e a oposição ferrenha de todo mundo que nos cerca.
Unem-se numa brigada contra a mudança aqueles que, de uma forma ou de outra, nos conhecem, dão testemunho de nossa biografia e zelam pela imutabilidade.
Engana-se quem imagina que contará com o apoio alheio ao projeto de transformar-se, mesmo que a mudança seja um imperativo social e um desejo coletivo.
Equivoca-se o sonhador ingênuo que espera estímulo à mudança por parte das instituições supostamente destinadas a promovê-la, por paradoxal que pareça".


LUIZ EDUARDO SOARES - livro CABEÇA DE PORCO

6 de jun. de 2014

ZELO

"Zele por este momento. Mergulhe em suas particularidades. Seja sensível a quem você é, ao seu desafio, à sua realidade. Livre-se dos subterfúgios. Pare de criar problemas desnecessários para si mesmo. Este é o tempo de realmente viver; de se entregar por completo à situação em que você está agora".
EPCTETO

4 de jun. de 2014

SARACOTEANDO EM TERRAS GREGAS


GAMBOA

É nessa água que meu corpo se joga
É nessa água que eu vou me embalar
É nessa água que meu corpo se joga
É na casa de minha mãe Odoya

Ela tem calma e alma no seu jeito
Ela mantem a imensidão do olhar
É na areia que se enocntra o seu leito
É a sereia que me ensina a cantar

No verde Oxossi se mostra por inteiro
Ele me diz onde não devo passar
Pode seguir na cabeceira do leito
Meu pai Odé os seus passos vai guiar