26 de set. de 2012

ENTREGA


Uma tristeza recorrente, arrastando suas correntes e incomodando o sono. 
Uma tristeza quase demente, cega para a felicidade que lhe toca nos ombros.
Uma tristeza sozinha, solitária, egoísta e insistente.
Uma felicidade tímida, centrada, contida e inteligente.

Ambas caminhando juntas, por uma mesma rua. Por vezes em corredores estreitos, por outras em largas avenidas. Elas não se largam. Exigem mais espaço, mas não querem ceder, e acima de tudo, não querem se perder.

Há na felicidade um medo e uma vergonha de ser.
Há na tristeza um cansaço e compromisso em permanecer.

É preciso escolher.

A pequena felicidade está crescendo. Crescer é da natureza humana.

FLORES


as árvores lançam suas flores pelas ruas do bairro
para que não se esqueça de que é primavera

15 de set. de 2012

TEMPO REI



Mesmo sabendo que os espinhos existem, hoje eu quero ver a flor.
Com toda sua beleza, seu cheiro e sua cor.
Mesmo sabendo que a dor existe, hoje eu quero ser amor
Com toda sua alegria, seu otimismo e seu ardor.


transformai, ensinai, socorrei

9 de set. de 2012

ATRAVERSIAMO


portas abertas para caminhos possíveis
novas e sutis sensações
sonhos que reconciliam e ultrapassam níveis
organizando mentes e corações

prazer sobe pelos pés, ao pisar em folhas secas
desce pela garganta pelo vinho ou suco de morango
importa que seja vermelho, como o sangue nas veias
importa que embale e embriague como um tango



8 de set. de 2012

MENSAGENS


Entreguei-me ao sentimento
Ávida de dedicação
Resisti à tentação (diversas)
Mas, escreva, escute meu lamento.

Meus dedos não mais escreviam.
Na minha mente há livros,
No coração enciclopédias
Resisti ao que meus olhos viram.
Sua música, na minha vida fez ruídos.
Meias palavras, meio compromisso, médias...

Mensagens ao meio
Eu no seu meio, você em meio a mim.
Tudo pela metade e... você não veio!
Musiquei seus defeitos, feitos de música,
Efeitos ao fim de feitos em mim.


escrito em 2005

5 de set. de 2012

RODA VIVA

um defeituoso levanta-se numa manha abafada de sol forte e vento frio. não toma café da manhã, nunca gostou. faz um batida de bananas passadas, bebe aquilo e escova os dentes para tirar o gosto de noite mal dormida. o defeituoso veste-se na intenção de sair de casa com cara de pessoa comum, não adianta, sai assim mesmo. anda por ruas tortas, usa aparelhos estragados, fala com pessoas surdas, entra em ruas sem saída. trabalha com qualquer outro defeituoso comum. sente sede, amor, ódio e muita preguiça. finda suas atividades exausto e com a sensação, comum, de ter feito muito por pouco. novamente pega seu caminho tortuoso de volta para casa. toma um banho seco, toma uma sopa fria e, na tv, assiste à vida de pessoas virtuosas. dorme defeituoso e na manha seguinte acorda virtuoso. talvez nessa noite ele veja pessoas defeituosas na tv. talvez ele veja seus iguais virtuosos. talvez ele nem sequer assista tv na sua noite virtuosa.