Nunca fui de falar demais
Carrego mais essa característica das minhas ancestrais
De pensar calada, sofrer calada, servir calada e ser
violentada
Hoje essa violência já não é tão direta, às vezes é sim, mas
na maioria ela é discreta
Tem homem que te dá emprego achando que vai te comer
Tem moço que não te apresenta pra família branca pra te “proteger”
Tem cara, que te come, te consome e depois some
Tem de tudo pra reafirmar seu lugar como objeto nesse mundo
Eu observo
Quase sempre calada
Mas eu faço diferente, sigo por outra estrada
Primeiro eu choro, limpo o sangue e as mágoas
Eu choro muito... é que eu sou de água
Mas depois eu empunho minha espada, é que eu sou de fogo
E saio cortando essas ervas daninhas da estrada
Guerreira eu sei que sou
Ser mulher, negra, gorda, magra, alta, baixa, que fala,
calada, vestida ou pelada
É travar uma guerra todos os dias
A luta tem que parar
Mas somente quando a mulher deixar de ser vista e tratada como objeto e
puder lado a lado com um homem caminhar
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